sábado, 5 de março de 2011

A maior música de todos os tempos

A década de 1960 marcou uma importante transição no rock. As letras que abordavam assuntos da juventude como garotas e carros tornaram-se porta voz de temas políticos e sociais, além de tocar em assuntos mais introspectivos.

Antes de gravar Like A Rolling Stone, Bob Dylan já era conhecido por suas letras com engajamento político, tais como Blowin´ In The Wind, The Times They Are A-Chagin´ , Hard Rain’s A-Gonna Fall e Mr. Tambourine Man, mas sempre acompanhado pelo seu violão e gaita. Tudo mudou em 1965, com o disco Bringing All Back Home, que introduziu a guitarra elétrica no folk.

Foi a justamente a guitarra que irritou os puristas e radicais do estilo na época, que durante o lendário show no festival de folk de Newport, chamavam Dylan de ''Judas''. Eles aceitavam as letras de protesto, mas não a nova sonoridade.

O disco seguinte, Highway 61 Revisited, lançado no mesmo ano, aumentou ainda mais a fúria dos conservadores, em especial pela faixa de abertura, Like A Rolling Stone, que contava a história de um socialite que perdeu tudo e caiu na miséria. A música era comandada pelo órgão gospel apocalíptico de Al Kooper, a guitarra afiada de Mike Bloomfield, e acima de tudo, a voz raivosa de Bob Dylan, que parecia confrontar seus críticos em versos como How Does It Fell?. Uma espécie de chamado pra guerra.

Like A Rolling Stone revolucionou as canções do rádio. As canções podiam durar no máximo três minutos, ela tem seis. Os executivos da CBS pediram a Dylan para encurtá-la, ele se rejeitou, e a faixa foi dividida em duas partes para caber em um compacto e para ser divulgada nas rádios. Porém, o público não gostou da idéia, e exigiu que Like A Rolling Stone fosse tocada na íntegra, e assim ela ficou por doze semanas na parada norte-americana, chegando a alcançar o segundo lugar do chart.

Nos primeiros dias de gravação, a faixa era muito diferente da que é conhecida hoje. Estava inserida num tempo de 3/4. Essa versão foi lançada no CD The Bootleg Series Volumes 1–3 (Rare & Unreleased) 1961–1991, lançado em 1991. Uma amostra da versão pode ser ouvida nos arquivos sonoros da wikipédia. A música ganhou sua forma após Dylan convocar o guitarrista da Paul Butterfield Blues Band, Mike Bloomfield, e de Al Kooper, amigo do produtor Tom Wilson, sentar-se ao piano durante uma visita ao estúdio. Bloomfield relembra as instruções de Dylan para a gravação: ''Não quero que você toque nada dessa porcaria de B.B. King, nada dessa porra de blues. Quero que você toque outra coisa''. Essa mesma instrução seria passada aos outros músicos. Mais tarde, Bob adimitiu que a progressão de acordes foi inspirada em La Bamba, de Ritchie Valens.

A influência dessa canção de Dylan é tão grande que teve um livro escrito pelo crítico musical Greil Marcus, chamado Like A Rolling Stone - Bob Dylan Na Encruzilhada. O livro fala de sua influência na música pop conteporânea, com o intuito de provar que, sozinha, essa canção mudou toda a cultura pop ao redor do mundo.

Uma das maiores influências em publicação musical, a Rolling Stone, reuniu, em 2004, críticos, músicos e produtores para fazer uma lista com as maiores músicas de todos os tempos, e Like A Rolling Stone ficou em primeiro lugar. Em 2009 a lista foi re-feita, e lá estava o clássico de Bob Dylan, mais um vez em primeiro lugar. Outro ranking semelhante feito pela Uncut em 2002 e um pela Mojo em 2005 também traziam a mesma música na mesma primeira posição.

Outros músicos de sucesso relembram o impacto que a música teve em suas vidas: Paul McCartney contou qua ia até a casa de John Lennon para ouvir a música, e comentou: ''Parecia ir e ir para sempre. Era simplesmente lindo... Ele mostrou que provou pra todos nós que sempre era possível ir além''.

Frank Zappa foi mais longe: ''Quando eu ouvi Like a Rolling Stone, eu quis desistir da música, porque eu pensei: 'Se isso ganha e faz o que eu deveria fazer, eu não preciso fazer mais nada''.

Mas nenhum relato foi tão apaixonado quanto o de Bruce Springsteen durante o discurso de introdução Bob Dylan ao Rock And Roll Hall Of Fame: ''Quando eu ouvi Bob Dylan pela primeira vez, eu estava no carro com a minha mãe, aí veio aquela pancada seca na bateria que soava como se alguém tivesse aberto a porta de sua mente... Do mesmo jeito que Elvis liberava o seu corpo, Dylan liberava a sua mente, e nos mostrou que só porque a música é era física, ela não precisava ser anti-intelectual. Ele tinha a visão e o talento para fazer a música pop conter o mundo inteiro. Ele inventou uma nova maneira que um cantor poderia soar, quebrou as barreiras das gravações e mudou o rock n´ roll para todo o sempre''.

Like A Rolling Stone abriu as portas para toda a revolução sonora da décade de 1960. Seus seis desafiadores minutos acenderam as mentes dos Beatles, Jimi Hendrix e dos Beach Boys. Não é só o carro-chefe de Highway 61 Revisited - que não por acaso o melhor disco de Dylan -, ou a sua melhor composição, com ele mesmo disse; é a maior música de todos os tempos.

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Um comentário:

  1. Aprecio, mas não tanto. Acho o som de Bob Dylan muito entediante, e só conheço esta música por causa da versão do Rolling Stones, e mesmo assim não acho que seja uma música muito boa.
    Mas concordo com o poder da letra, e gosto da mensagem que ela passa.

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