quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Innerspeaker - Tame Impala [Review]

Depois do EP autointitulado, o power trio australiano lança Innerspeaker, o seu disco de estréia. Em 2008 a banda assinou contrato com a Modular Records e lançou um EP com cinco músicas. Este o colocou em primeiro lugar no ranking das gravadoras independentes da Austrália (AIR) e em décimo na lista de singles mais vendidos do ranking oficial de música australiana (ARIA). 

O grupo tem foco na psicodelia da década de 1960, tais como Jimi Hendrix Experience, Mothers Of Invention, Doors e Cream, constando maiores semelhanças com este último devido ao seu vocal mais limpo e detalhado. Essa característica, ora negativa, ora positiva, é um contrapeso ao instrumental robusto e corpulento. Isso confirma-se na instrumental Jeremy´s Storm, onde o grupo atinge um clímax psicodélico, que seria invejado até pelo mestre do improviso Jimi Hendrix, caso estivesse vivo. Outra música que certamente agradará os apreciadores do ''classic rock'', é Runway, Houses, City, Clouds, a mais longa do álbum, com pouco mais de sete minutos, é uma mini-suíte, fundamentada em um baixo cristalino e um tímido sintetizador moog. Tudo é exarcebado durante os solos, comprovando o ponto forte do trio.

Arranjos mais simples não podem ser ignorados, o Tame Impala também sabe fazer músicas de maior assimilaridade, que vez ou outra beiram o que pode chamar-se de rock alternativo, assim são Lucidity, cujo clip dá as caras, algumas vezes, pela massacrada MTV; I Don´t Really Mind e no tema de abertura It Isn´t Meant to Be. 

O maior erro de Innerspeaker é a exclusão de Half Full Glass of Wine e Skeleton Tiger, músicas excepcionais, lançadas no primeiro EP, que fizeram grande sucesso no país de origem do grupo e até em alguns países europeus. O vocal transparente pode soar monótonos em alguns momentos das audições iniciais, mas depois de dar uma atenção maior, entendemos melhor a proposta angelical, e aí posso ousar citar influência do supergrupo sessentista Crosby, Stills & Nash -  principalmente Neil Young. 

Com uma produção exemplar de Kevin Parker, Innerspeaker entra no hall de melhores discos do ano. Um psicodelismo ingênuo e sem firulas, contradizendo o tabu de que a psicodelia é inconclusiva e sem sentido. Estréia excelente, mas arrisco a previsão de que a banda irá desenvolver-se e lançará discos ainda melhores.

Tracklist

1. "It Isn't Meant to Be" 5:22
2. "Desire Be, Desire Go" 4:26
3. "Alter Ego" 4:47
4. "Lucidity" 4:31
5. "Why Won't You Make Up Your Mind?" 3:19
6. "Solitude Is Bliss" 3:55
7. "Jeremy's Storm" 5:28
8. "Expectation" 6:02
9. "The Bold Arrow of Time" 4:24
10. "Runway, Houses, City, Clouds" 7:15
11. "I Don't Really Mind" 3:46

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