Assim como o rock, o rap surgiu com negros que estavam à margem da sociedade. Gil Scott-Heron, auto-definido como ''um negro dedicado à expressão do prazer e orgulho da negritude'', é apontado constantemente como ''o padrinho do rap'' devido as ferozes críticas que redigia ao governo e a população através de músicas-manifesto e pela sua vocalização ''falada'', rotulada na época como spoken word, como pode ser ouvido em ''The Revolution Will Not Be Televised'', lançada em 1971 e seu principal epitáfio.
Mas a explosão do rap veio na década seguinte, quando foram lançadas duas faixas que mudaram e definiram o esilo: ''The Message'', do Grandmaster Flash, e ''Fuck Tha Police'', do N.W.A.. A primeira abre e dá nome ao disco de estréia do Grandmaster Flash, e apesar da letra pesada sobre a decadência urbana, com versos que retratam junkies, ruas sujas, armas, gangues, assasinatos e violência, foi muito bem aceita pelo público e pelas rádios, sem contar o clipe que rodava sem parar na MTV.
Já com a polêmica ''Fuck Tha Police'' foi diferente. Sete meses após o seu lançamento, o FBI mandou um boletim para Priority Records. Segundo a corporação, a música ''estimula a violência policial''. Em consequência, a MTV proibiu a veiculação do clipe de ''Straight Outta Compton'', o que aumentou as vendas do álbum e colocou o N.W.A. como os bad boys do rap.
A primeira música que fundiu o rap e o rock foi ''Rapture'', sucesso do Blondie que chegou no topo da parada norte-americana. Com pouco mais de sete minutos, Debbie Harry inovava ao ''rapear'' sob a base rítmica rock no meio da canção. Não por coincidência, ''Rapture'' foi sampleada junto com vários outros hits (entre eles ''Another One Bites To Dust'', do Queen) na faixa ''The Adventures Of Grandmaster Flash On The Wheels Of Steel'', incluída em The Message.
Mas a união dos ritmos só veio definitivamente em 1986, quando o Aerosmith se juntou ao trio Run DMC para regravar uma versão de ''Walk This Way'', lançada originalmente por Tyler e sua trupe em 1975. O sucesso estrondoso da música não só aumentou a popularidade dos rappers, como também botou o Aerosmith em foco novamente depois do fraco Done With Mirros e do pavoroso Rock In A Hard Place.
No mesmo ano, o trio Beastie Boys sacudiu o mundo do rap. Antes de tudo, eram brancos e descendentes de judeus, quebrando o paradigma de que era música de negro. Além disso, incorporavam ritmos do funk e do rock. O debut do trio, até hoje o mais conhecido do grupo, Licensed To Ill, traz uma participação especial de peso: o companheiro de selo Kerry King, guitarrista do Slayer, que faz o solo de ''No Sleep Till Brooklin'' (uma referência ao disco ao vivo do Motörhead No Sleep Till Hammersmith). O álbum chegou ao topo das paradas e vendeu em torno de 360 mil cópias, sendo o primeiro passo na popularização do rap, que a partir daí deixou de ser música de marginal para virar mainstream.
Hoje as rádios exigem ao menos um dedo de rap, o que gerou artistas medíocres que fazem apenas pontas em músicas alheias. Dessa forma, o new metal e seus principais grupos - Korn, Slipknot, Limp Bizkit, Rage Against The Machine - são os nomes mais populares da música pesada atual, agradando jovens que não se identificam com o pop radiofônico e com pouco repertório de rock. A combinação de rap com o rock ou heavy metal assim como com os outros gêneros, já virou lugar comum. Uma fórmula que está sendo repetida cada vez mais vezes e sem criativadade alguma, criando bandas gênericas como o Linkin Park, que só empobrecem a fusão e criam, para os rockeiros mais antigos, o esteriótipo de que rap e rock não funcionam juntos. O jeito agora é esperar que surja alguém e mude tudo isso.
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