Depois de Show No Mercy e Hell Waits (dois bons discos), a saída do Slayer da Metal Blade Records para a Def Jam preocupou os fãs, que temiam que a banda aliviasse o sem som pesado em uma gravadora que estava lançando bandas de rap como Run DMC e Beastie Boys. Mas foi justamente o oposto: naquele ano o Slayer gravou o melhor trabalho de sua carreira e definiu o som do trash metal com apenas dez furiosos clássicos e em menos de meia hora.
Reign Blood foi a estréia de Rick Rubin na produção de um disco de rock. E que estréia! Rubin conseguiu dar voz a todos os instrumentos sem tirar o aspecto sujo e violento, e alguns boatos dizem que o eterno grito de Tom Araya em ''Angel Of Death'' foi sugestão de Rubin. "Após ouvir Reign In Blood, eu ficava dizendo que queria um som igual nos nossos discos. Nunca tinha ouvido um disco tão cristalino.", declarou Lars Ulrich, o baterista e dono do Metallica. E Kerry King completa: ''Ninguém nunca tinha ouvido uma produção tão bom disco desse estilo. Era como wow-você pode ouvir tudo, e esses caras não estão só tocando rápido; as notas estão no tempo.''
Todos os integrantes do Slayer eram fãs de hardcore rápido e seco (o que foi provado mais tarde com o disco-tributo Undisputed Attitude). Hanneman disse que o grupo andava ouvindo Metallica e Megadeth, mas que achou a repetição de riffs cansativa. Então eles perceberam que podiam cortar algumas partes das músicas e fazer um disco muito mais intenso. Quando terminaram de gravar, a banda encontrou-se com Rick Rubin, que os perguntou: ''Vocês tem noção do qual curto é?'' e os rapazes responderam: ''E daí?!''.
Capa do único single, ''Postmortem''
A ilustração túrbida e diabólica criada por Larry Carroll - que trabalharia com a banda novamente criando as capas de South of Heaven, Season In The Abyss e a polêmica Christ Illusion - fez com que a CBS se recusasse a distribuir o LP, ficando a cargo da Geffen. Os músicos também foram acusados de nazismo devido à má interpretação de ''Angel Of Death'', que fala sobre o médico Joseph Mengele e suas experiências em humanos nos campos de concentração. Isso somado ao fato de Jeff Hanneman, autor da letra, colecionar artigos da segunda grande guerra e usar uma cruz em sua jaqueta durante os shows atrapalhou no agendamento de shows e fez com que o álbum não recebesse nenhuma divulgação nas rádios. Mesmo sem nenhum apoio da grande mídia, o disco foi o primeiro da banda a entrar no top 200 da Billboard, alcançando a 97ª posição e a 47ª colocação no Reino Unido.
A qualidade de Reign Blood é certificada até por quem não é fã de metal extremo. O renomado crítico Robert Christgau já assumiu que não gosta de alguns gêneros músicais, entre ele o heavy metal, mas avaliou bem o clássico do Slayer, B-. A Pianista Tori Amos fez uma versão quase irreconhecível da épica faixa título em seu disco Strange Little Girls, de 2001. Kerry King disse que ouviu o cover e só percebeu que era ''Reign Blood'' depois de um minuto e meio de música.A crítica ao álbum foi só elogios. A Styluss Magazine disse que era ''o melhor disco de metal de todos os tempos''; a Kerrang! disse que era ''o álbum mais pesado já lançado''.
Em 2004 a banda fez um turnê onde tocava o na íntegra, resultando no DVD Still Reigning, prova viva de que a música crua e direta do Slayer, aperfeiçoada e ainda mais raivosa em Reign Blood com músicas curtas e explosivas que não dão trégua para o pescoço do ouvinte. Uma verdadeira revolução no modo de se fazer e de se ouvir heavy metal.
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