Quando se pensa nos grandes nomes da MPB, a figura de Chico Buarque logo surge em nossa mente. Começou a se destacar após vencer o Festival de Música Brasileira em 1966 com a canção A Banda. A partir daí, Chico tornou-se um ídolo pop, tocando em todas as radios incessavelmente.
As músicas dessa fase inicial da carreira de Chico continham mensagens criticas, como Pedro Pedreiro, que falava sobre o conformismo social, mas o conteúdo lírico passava despercebido pelos jovens da época, que durante a ditadura, queriam apenas aliviar a pressão curtindo um pouco de boa música.
Chico poderia ter se acomodado com a fama que batia a sua porta e com o status de menino bonito e comportado; entretanto, resolveu transcender tudo isso, sofisticou seu som e fez com que as suas letras tornassem verdadeiras denúncias, com uma linguagem e ritmo popular. Os três disco dessa lista formam uma pequena fatia da extensa discografia desse mestre da música nacional.
Construção (1971)
Depois de anos levando a fama de moçinho bem-vestido e de rosto bonito, com discos de bons a razoáveis, Chico lançou o seu disco mais famoso. Construção marcou a transição estilística do compositor. Logo nos primeiros minutos de Deus Lhe Pague, já é sentida a diferenca; um clima pesado, carregado e tenso, que capturava a sensação de se viver em um regime militar. A faixa-título tem um impressionante e cativante arranjo, feito pelo produtor/arranjador Rogério Duprat e com vocais de apoio da MPB-4, narra a historia de um operário que trabalha até a morte, e em Samba de Orly, composta em parceria com Toquinho, Chico canta sobre o exílio, o que fez a música ser parcialmente censurada.
Em faixas como Cordão, Olha Maria, Valsinha e Minha História, o clima fica mais leve, e o lirismo e força poética de Chico entram em primeiro plano. O álbum é tão impressionante que está presente no livro 1001 discos para ouvir antes de morrer e foi eleito o terceiro melhor disco nacional em uma lista da revista Rolling Stone.
Meus Caros Amigos (1976)
Meus Caros Amigos foi quase todo escrito para o cinema, com cinco das dez faixas do álbum integrando trilhas sonoras de filmes brasileiros e outra para a peça Lisa, a Mulher Libertadora. O disco traz uma das melhores parcerias de Chico Buarque: O Que Será?(À Flor da Terra), um dueto com o companheiro de gravadora, Milton Nascimento.
Aqui o ''eu-lírico feminino'', uma das principais e mais conhecidas característica de Chico como compositor, fica evidente na melodramática Olhos Nos Olhos, que por sua vez, é o contra-peso perfeito para Meu Caro Amigo, Corrente e Vai Trabalhar, Vagabundo.
Desde 1965, quando o escritor Roberto Freire pediu à Chico para musicar o poema Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto, para a peça de mesmo nome, Chico teve grande participação no teatro. Ópera do Malandro foi a sua obra teatral mais célebre, e o LP duplo trazia a trilha sonora dessa peça, que depois também se tornaria filme.
O disco é temperado com inúmeras participações especiais, gerando excelentes momentos, como o samba saudosista Doze Anos, com Moreira da Silva, e Hino de Duran, com A Cor do Som.
O modo como Chico Buarque retrata a sociedade de sua época é digno de aplausos. O Malandro e O Malandro nº 2 destacam o individualismo e narram a vida de um ''malandro'' pela cidade do Rio de Janeiro. Geni e o Zepelim apresenta toda a capacidade narrativa de Chico, e Folhetim, com uma interpretação pessoal e cheia de alma de Nara Leão, tornou-se um verdadeiro clássico.
Chico Buarque é um dos músicos brasileiros que sou fã, assim como Cazuza e o Caetano Veloso.
ResponderExcluirChico Buarque, assim como esses outros possui ótimas músicas. Sabe muito bem utilizar metáforas nas letras, obrigando o onvinte a fazer uma análise profunda do que eles está dizendo para compreender o verdadeiro sentido da música pelas entrelinhas. Isso porque tanto ele quanto o Caetano, viveram no período da ditadura, foram até exilados, mas não deixaram de contribuir com a cultura do país.
Achei legal a iniciativa de vocês adicionarem artistas da MPB ao blog de vocês, porque a gente também não pode deixar de lado a cultura musical do Brasil. Na Comissão nós também publicamos bandas que cultivam esse nacionalismo musical em conjunto com o Rock, fazendo uma mistura de estilos interessante.
Vlw!
http://comissaodorock.blogspot.com